Ficus sp. Nascida epífita e espontaneamente, semeada no andar superior da floresta por algum pássaro, esta impressionante árvore resplandece além da Pérgola da Flor de Jade*, exibindo poderosas raízes que contrastam com as sombras silvestres e com a folhagem verde-escura de uma monstera escandente em seu tronco.
É uma árvore que cresceu na contra-mão do usual e comportado de-baixo-para-cima da maioria. Quem a vê imagina que é pra lá de centenária, mas foi devido a um expediente ”nada louvável” que, em menos de 40 anos de pura “ingratidão”, chegou a alcançar o avantajado porte: ela estrangulou sua hospedeira – outra árvore, que lhe serviu de berço e de escada – da qual se nota ainda algum vestígio, quase totalmente emparedado em celulose.
Até o dia em que o doutor Cornelius C. Berg (talvez atualmente o maior especialista no gênero) nos visitou, tínhamos por certo que era um espécime de Ficus glabra, mas ele nos esclareceu que não (!) e explicou o óbvio ululante: simplesmente a figueira não era glabra, isto é, suas folhas de fato têm uma penugem superficial, com textura entre veludo e lixa.
Perguntei então que raios de espécie era aquela e a resposta foi a melhor que podia haver para enriquecer o acervo botânico do Sítio Roberto Burle Marx: ele disse que não sabia.
*Ver “Estrela 04”
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